O que são implantes de testosterona

Implantes de testosterona, também chamados de chips ou pellets subcutâneos, são compostos feitos a partir de testosterona cristalizada desenvolvidos para uma liberação lenta e controlada do hormônio no fluido extracelular (KRESCH et al., 2021). Os implantes hormonais podem ser revestidos em cápsula silástica, cera de abelha ou podem não apresentar revestimento nenhum, como os pellets com mecanismo de auto desintegração (QUISPE et al., 2015).

 São obtidos através da fusão da testosterona em alta temperatura que depois é cristalizada em um formato cilíndrico ou através da compactação, promovendo uma alta estabilidade do hormônio e garantindo uma atividade prolongada (JOCKENHÖVEL et al., 1996). Essa atividade prolongada acredita-se ser proveniente da dissolução gradual do hormônio no tecido adiposo subcutâneo, local onde o implante é inserido no paciente (MCCULLOUGH, 2014).

Os implantes de testosterona, apesar de serem pouco conhecidos, são muito utilizados para o tratamento da síndrome de deficiência de testosterona em homens. Baixos níveis de testosterona podem causar distúrbios no desenvolvimento sexual masculino e, com o avançar da idade, redução da fertilidade, disfunção sexual, declínio da força muscular, menor mineralização óssea, distúrbio do metabolismo lipídico e disfunção cognitiva (KRESCH et al., 2021; CUNHA, 2020)

(CUNHA, 2020)

Estes implantes podem ser fabricados em diferentes concentrações. Nos EUA são encontrados implantes de 75 mg da marca Testopel, e nas concentrações 12,5 mg; 25 mg; 37,5 mg; 50 mg até 300mg como implantes de testosterona genéricos (KRESCH et al., 2021)

Como funciona a sua inserção e farmacocinética?

A inserção dos implantes no paciente é realizada através de uma pequena cirurgia com anestesia local, onde será feita uma pequena incisão geralmente acima do glúteo ou atrás da coxa (ou em qualquer outra região com maior acúmulo de tecido adiposo) e o implante é inserido na camada subcutânea da pele (KRESCH et al., 2021).

Uma vez no paciente o implante começa a sofrer uma erosão gradual, onde os cristais de testosterona são solubilizados e difundidos lentamente nos fluidos corporais do paciente, promovendo uma liberação estável do hormônio (HANDELSMAN et al., 1990). De acordo com os mesmos autores, através da taxa de liberação do hormônio, que é determinada pela concentração sérica de testosterona ao longo de um determinado período, é possível combinar vários implantes com diferentes concentrações de hormônio para obter a concentração sérica desejada no paciente.  

Apesar de raros, efeitos adversos podem ser observados em alguns pacientes que sofreram a implantação, sendo eles geralmente provenientes da incisão na pele e na inserção do implante, podendo ocorrer a sua extrusão, ou seja, o implante sai do local onde ele está inserido. Também pode ocorrer sangramento no local, dor ou infecção da incisão (KRESCH et al., 2021).

Quais as suas vantagens?

A principal vantagem do implante subcutâneo em relação às injeções intramusculares ou géis tópicos é que são necessárias apenas cerca de 2 a 4 administrações do implante no paciente ao longo do ano ao contrário das diversas injeções intramusculares necessárias para manter as concentrações do hormônio elevadas no paciente, ou a aplicação diária de géis tópicos de hormônio todos os dias do ano (CAVENDER e FAIRALL, 2009).

Outra vantagem é que com a inserção do implante subcutâneo ocorre a total adesão do paciente ao tratamento, mantendo a concentração plasmática de testosterona estável, ao contrário das outras formulações que apresentam um pico máximo de concentração sérica que decai com o tempo (CAVENDER e FAIRALL, 2009).

Portanto, apesar de ser um método invasivo, tais implantes podem ser considerados uma boa substituição aos métodos convencionais de administração de testosterona para pacientes que necessitam a reposição hormonal.

 Controle e desenvolvimento?

Para que sejam considerados seguros e eficazes, implantes hormonais devem apresentar um controle preciso de sua liberação. Testes de liberação e de dissolução tem sido ferramentas importantes há décadas para avaliação da liberação. A quantidade de ativo presente no dispositivo é liberada ao longo do tempo sob condições de teste bem definidas, como temperatura, composição do meio de dissolução e hidrodinâmica. O perfil de concentração do fármaco fornece informações valiosas para o desenvolvimento do implante, controle de qualidade e previsão de desempenho in vivo.

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SOBRE O AUTOR

Gabriel Padilha é técnico em química formada pelo IFSC e atualmente está cursando Graduação em Farmácia na UFSC. Gabriel é estagiário no Laboratório de Engenharia Biomecânica desde 2021, onde é responsável pela condução de ensaios de liberação de fármacos.

REFERÊNCIAS

CAVENDER, R. K.; FAIRALL, M. Subcutaneous Testosterone Pellet Implant (Testopel®) Therapy for Men with Testosterone Deficiency Syndrome: A Single-Site Retrospective Safety Analysis. International Society of Sexual Medicine, v. 6, 2009, p. 3177-3192. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1743-6109.2009.01513.x

HANDELSMAN, D. J. et al. Pharmacokinetics and Pharmacodynamics of Testosterone Pellets in Man. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, vol. 70, n. 1, 1990, p. 216-222. DOI: https://doi.org/10.1210/jcem-71-1-216.

JOCKENHÖVEL, F. et al. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of subcutaneous

testosterone implants in hypogonadal men. Clinical Endocrinology, vol. 45, 1996, p. 61-71. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1365-2265.1996.tb02061.x

KRESCH, E. et al. An update on the available and emerging pharmacotherapy for adults with testosterone deficiency available in the USA. Expert Opinion on Pharmacy, 2021. DOI: https://doi.org/10.1080/14656566.2021.1918101.

MCCULLOUGH, A. A Review of Testosterone Pellets in the Treatment of Hypogonadism. Current Sexual Health Reports, vol. 6, 2014, p. 265-269. DOI: https://www.doi.org/10.1007/s11930-014-0033-7.  QUISPE, R. et al. Towards more physiological manipulations of hormones in field studies: Comparing the release dynamics of three kinds of testosterone implants, silastic tubing, time-release pellets and beeswax. General and Comparative Endocrinology, v. 212, 2015, p. 100-105. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ygcen.2015.01.007.

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